quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Perto de tudo, longe de ônibus a Avenida Mário Melo.


Ela é larga, tem 1,2 quilômetro de extensão, é arborizada, possui duas pistas com 14 metros de largura cada e um pavimento bem conservado, quase sem buracos. Está localizada em Santo Amaro, bairro da área central do Recife considerado uma das apostas imobiliárias da cidade. Fica perto de hospitais, faculdades, supermercados e cercada por residências. Mas tantos atrativos de pouco valem. A Avenida Mário Melo e seu prolongamento, a Rua dos Palmares, vivem isoladas, esquecidas quando o assunto é a oferta de serviços. Principalmente o transporte público. Quem trabalha ou reside na via sofre para ir e vir. Uma única linha passa por ela e, mesmo assim, com intervalos que podem chegar a 30 minutos.
A carência de transporte público na avenida não é novidade. Ao contrário, é histórica. A Mário Melo sempre foi esquecida pelo poder público. Não é de hoje. Moradores afirmam que anos atrás a via chegou a ter duas linhas de ônibus circulando por ela. Mas esse tempo passou. Atualmente é apenas uma, a linha Alto do Pascoal, que demora para passar e atende exclusivamente parte da Zona Norte da capital. Prova de que a oferta de transporte público é muito pequena no corredor é a quantidade de estações de embarque e desembarque existentes: apenas duas, unicamente no sentido subúrbio-cidade e no trecho da Rua dos Palmares.
Além de não ser contemplada com transporte público, conforme o destino, as pessoas que trabalham, moram ou precisam chegar à Avenida Mário Melo têm que caminhar até 20 minutos para conseguir pegar um coletivo. A avenida é cercada por outros corredores por onde passam 214 linhas de ônibus, operadas por 1.632 coletivos e que transportam 874 mil passageiros diariamente. Mas nenhuma dessas linhas, segundo os argumentos técnicos do Grande Recife Consórcio de Transporte, pode ser desviada para atender à Mário Melo porque não há demanda que justifique.
A ampla oferta de ônibus fica espalhada pelas Avenidas Conde da Boa Vista (o principal corredor de transporte público do Recife), Norte e Visconde de Suassuna, além da Rua do Príncipe. Algumas delas, inclusive, estão saturadas devido à grande quantidade de coletivos.
O resultado é uma lacuna de vários quarteirões que obrigam a população a caminhar bastante. Problemas de segurança, iluminação, limpeza e acessibilidade também são lembrados pelos moradores, mas é a falta de transporte público o que mais incomoda. Um contrassenso com o crescimento do bairro de Santo Amaro, que a cada dia recebe mais e mais empreendimentos imobiliários, tanto residenciais quanto comerciais – foram quase 500 alvarás de funcionamento liberados pela prefeitura nos últimos dois anos. E que tem a ocupação ordenada incentivada pelo Plano Diretor do Recife, como a isenção de outorga onerosa (incentivo para construir além do coeficiente permitido mediante contrapartida financeira do construtor). Além de ter sido alvo de ensaios urbanísticos para ser transformado em um bairro projeto piloto de mobilidade

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