sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Naná e Milton Nascimento comandam abertura oficial do Carnaval do Recife

 /
Vassourinhas com arranjo de maracatu. Frevo ao violino ou como fado. Maracatu executado por orquestra de frevo. Passistas voltando às origens, no bailado da capoeira... Esse encontro de ritmos pernambucanos e seu diálogo com várias formas de música e expressão corporal abrem nesta sexta (8), oficialmente, o Carnaval do Recife, no consagrado polo do Marco Zero, onde começou a cidade e a múltipla folia ressuscitou nas duas últimas décadas.

Como se repete há 12 anos, a festa será aberta com o cortejo de batuqueiros do baque virado guiado pelo mestre, percussionista Naná Vasconcelos, homenageado deste ano junto com o fotógrafo Alcir Lacerda, falecido em 2012. O que já se tornou tradição também traz novidades no ano em que o frevo é consagrado como patrimônio cultural imaterial da humanidade (título concedido pela Unesco). Além de Naná Vasconcelos e batuqueiros do maracatu, as orquestras de Ademir Araújo e Spok se apresentam com mais de 20 convidados.

“O mais difícil de fazer é o silêncio, um estado de espírito”, respondeu Naná Vasconcelos, ao ser questionado por uma repórter sobre as dificuldades em fazer a versão do frevo Vassourinhas (hino do Carnaval pernambucano) com instrumentos do maracatu.

Depois de chegar ao Marco Zero com 500 batuqueiros, Naná levará ao palco Milton Nascimento (estreante na abertura) e a cantora de fado, portuguesa, Carminho. Ela demonstrava encantamento, depois de um ensaio com Naná e Milton. “Já foi muito emocionante esse momento”, confessou, manifestando orgulho em participar hoje da festa. “Sinto que esse Carnaval é diferente do que se faz no Brasil. Tenho atração por tudo que é de raiz”. Ela vai cantar Não existe pecado ao Sul do Equador, de Chico Buarque, uma marchinha portuguesa (Marcha de Alfama), “que lembra o frevo”, Maria Maria e Nada será como antes, num dueto com o autor, Milton Nascimento.

O mineiro cantará sozinho Estrela é Lua Nova, de Heitor Villa-Lobos, sob a regência de Naná. Posou para fotos ontem, mas não falou com a imprensa por causa de uma indisposição relacionada à diabete. Segundo Naná, há cerca de 15 anos eles não se apresentam juntos. “A última vez foi em Nova Iorque, num programa de TV”. No início da carreira foram parceiros.

Quando Naná e seus convidados deixarem o Marco Zero, será a vez do maestro Ademir Araújo e a sua Orquestra Popular do Recife prestarem homenagens não só ao frevo como a Naná Vasconcelos. “É um momento novo, que nos tira das cinzas, pois valoriza os artistas locais”, comenta, dando conta da satisfação em voltar a fazer a abertura do Carnaval num ano em que Naná é homenageado.

“É um músico consagrado, já merecia há mais tempo”. Sob a regência do maestro, Ed Carlos cantará o Nanacatu, dedicado ao percussionista. Com Claudionor Germano, lembrará Capiba e oferecerá ao público versões eruditas do frevo, com o violinista Israel França. Ao lado de Marcos César, do Coral Edgard Moraes, mostrará o efeito do bandolim no frevo de bloco e contará a história do passo desde os capoeiristas, com o mestre Meia Noite. Vai haver espaço até para o rap. O show final será com o maestro Spok e estrelas da música brasileira, como Armandinho (filho do criador do trio elétrico), da Bahia, Elba Ramalho, Lenine, Silvério Pessoa, Emílio Santiago, Fafá de Belém e muito mais. Fafá cantará De chapéu de sol aberto (Capiba) e Frevo, de Tom Jobim, com Emílio. Os pernambucanos André Rio e Geraldo Azevedo também são atrações

Nenhum comentário:

Postar um comentário